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Dia da Mulher Negra – estudos realizados por GPs e PPGs vinculados ao IPPDS

Confira os resumos dos trabalhos recentes realizados pelos Grupos de Pesquisa e Programas de Pós-Graduação cujo tema têm como foco as mulheres negras

Mulheres Quilombolas e ausência de comunicação intercultural para o enfrentamento da Covid-19

Autoras: Ivonete da Silva Lopes, Daniela de Ulysséa Leal, Jéssica Suzana M. Cardoso e Carina Aparecida Veridiano

O debate sobre a adequação da comunicação às particularidades locais, gênero, classe, cultura e território tem se intensificado durante a pandemia. Este artigo se insere nessa perspectiva, objetiva compreender os hábitos de consumo de informação das mulheres da Comunidade Quilombola Buieié (Viçosa, MG) em comparação com as estratégias de comunicação adotadas pelo governo federal e mineiro para lidar com as especificidades das comunidades tradicionais no enfrentamento ao novo coronavírus. Foram entrevistadas nesta pesquisa 25 mulheres entre 18 e 76 anos. O resultado aponta muitos desencontros entre as estratégias de comunicação adotadas pelos governos e a realidade das sujeitas desta pesquisa. A comunicação governamental tem sido focada nos meios digitais em relação à exclusão digital da maioria das entrevistadas. As mulheres se informam pela televisão ou rádio, contudo há ausência de campanhas veiculadas nesses meios. A perspectiva de gênero e intercultural para comunidades quilombolas também têm sido negligenciadas pelas autoridades.

Representação de pessoas negras na publicidade: uma análise discursiva da campanha #AvonTáOn.

Autora: Suéllen Stéfani Felício Lourenço

Essa dissertação objetiva analisar discursivamente as representações concernentes às pessoas negras na campanha publicitária #AvonTáOn do ano de 2021. Notadamente, buscou-se com este trabalho: I. Caracterizar o contrato de comunicação que rege a campanha publicitária AvonTáOn; II. Investigar os componentes linguísticos, sonoros e icônicos que sustentam as representações encontradas. A escolha da Avon como objeto de estudo deveu-se ao reposicionamento da empresa que fora apresentado ao público por meio da parceria inédita com o Big Brother Brasil no ano de 2021. O principal eixo teórico-metodológico utilizado foi a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, que se mostrou relevante por levar em conta a linguagem e o contexto psicossocial que permite a sua manifestação (MACHADO, 1992), além de nos permitir observar como o discurso se concretiza no estrato verbal e no imagético. Para análise elencou-se quatro vídeos da campanha, sendo que em todos estão presentes pessoas negras, o que possibilitou inventariar interpretações para a investigação em torno da questão racial. Dentre os principais resultados, observou-se que a Avon realiza uma tentativa de se
distanciar de representações cristalizadas acerca da pessoa negra. Para isso, a empresa buscou promover o enaltecimento das características fenotípicas negras como os narizes arredondados, lábios carnudos, a valorização dos cabelos crespos soltos e a apresentação de mulheres com cabelos bem curtos, através da adoção de procedimentos linguísticos e icônicos. Notou-se a presença de um único homem negro que se distancia de um padrão hegemônico de masculinidade, por apresentar vestimentas na cor rosa e esmalte (elementos atrelados à feminilidade). Por outro lado, apesar de haver uma tentativa da Avon de romper com algumas cristalizações, identificou-se a reprodução do imaginário da mulher negra atrelada ao Carnaval, além do uso de indumentárias e enquadramentos que expõem determinadas partes do corpo, denotando sensualidade. Outrossim, detectou-se uma representação recorrente das pessoas negras como dançarinas, corroborando o imaginário social de que possuem um “talento nato” para a dança. Concluiu-se, a partir das análises, que embora haja uma proposta de reposicionamento da Avon, ainda se observam resgates de construções que, de certo modo, estereotipam a pessoa negra.

Mães negras e trabalho doméstico: análise discursiva de produtos jornalísticos sobre o “Caso Miguel”

Autora: Maria Fernanda de Oliveira Ruas. Orientadora: Mariana Ramalho Procópio.

Este trabalho investiga como discursos midiáticos produzidos durante a pandemia da Covid-19 são capazes de revelar a emergência das diferenças no contemporâneo, a partir
de narrativas estabelecidas no ambiente midiático da TV aberta, que surge como um veículo capaz de legitimar/deslegitimar e promover violências contra mulheres negras na
contemporaneidade brasileira. Sendo assim, aqui, é observado como as mães, que perderam os filhos para o racismo, são representadas pela mídia hegemônica, frente a um
sistema de opressão. Para isso, toma-se como objeto de análise a sequência de três produtos jornalísticos criados pelo programa Fantástico, da TV Globo, sobre o “Caso
Miguel”, no qual um menino de cinco anos foi deixado sozinho em um elevador pela ex-chefe de sua mãe. Ele caiu do nono andar e morreu. Ao exibir essas produções, o
telejornal utilizou relatos de Mirtes Renata de Souza (mãe do menino), de pessoas próximas, especialistas e da acusada pelo crime, Sari Corte Real, para elaborar uma
narrativa que exclui o debate do campo das violências raciais herdadas nas relações entre empregadas domésticas e chefes brancos/brancas (TEIXEIRA, 2021). Dadas as
especificidades e sutilezas das possíveis violências rastreadas por este trabalho, como metodologia, utiliza-se da análise do discurso francesa, base da Teoria Semiolinguística
proposta por Charaudeau (2005). Assim, considerando os ditos e não ditos estabelecidos nessas narrativas, cabe pensar, pelo Contrato de Comunicação, as representações
evocadas pelo/para os sujeitos ali postos, bem como explorar os princípios do processo comunicacional (CHARAUDEAU, 2005) e as estratégias de linguagem empregadas às falas
dos protagonistas (PROCÓPIO, 2015). Diante disso, este estudo mostra como o racismo, em solo brasileiro, se revela como um problema estrutural, que dá condições para que
discriminações ocorram por caminhos institucionais e de modos indiretos (ALMEIDA, 2020). Ainda nesse caminho, a construção dessas oralidades denunciam a reafirmação do pacto narcísico da branquitude (BENTO, 2002), acionado pelo programa, ao garantir a manutenção de privilégios destinados a pessoas brancas, por meio dos estereótipos ali
reforçados a mães negras, crianças negras e mulheres brancas. Simultaneamente, pode-se observar a existência de uma lógica que se filia à isenção de responsabilidade, a partir do não reconhecimento da Mirtes como uma mulher violentada racialmente, por meio da construção de discursos que contam a ação de Sari como passível de crítica, mas em
âmbitos parcialmente efetivos, com discussões voltadas exclusivamente à questões de classe. Com isso, tornam-se compreensíveis os impactos que essas lógicas exercem sobre
a opinião pública, que não acessa a reflexão sobre as vertentes racistas do crime de Sari, materializada na relação com sua empregada, o que denuncia o racismo individual, mas
também sustenta atuações institucionais e estruturais (ALMEIDA, 2020).

Desigualdades raciais e de gênero no mercado de trabalho durante a pandemia de COVID-19: uma análise para o Brasil 

Autor: Mateus Rodrigues Gonçalves Tavares. Orientadora: Lorena Vieira Costa Lelis. Coorientadora: Ana Cecília de Almeida. Banca: Lorena Vieira Costa Lelis, Maria Micheliana da Costa Silva e Cícero Augusto Silveira Braga. 

A pandemia causou uma crise econômica, sanitária e social no mundo inteiro, influenciando as pessoas de diferentes maneiras. Este trabalho analisou, utilizando dados de 2020 do Brasil, as probabilidades de mulheres brancas, mulheres negras e homens negros estarem desempregado(a)s, no setor informal e contarem com parte da renda familiar advinda do Auxílio Emergencial durante a pandemia COVID-19. Os resultados encontrados apontam que as mulheres negras foram as pessoas mais prováveis de estarem desocupadas ao longo de 2020. Também são prováveis de estarem na informalidade e as mais prováveis de contarem com parte da renda familiar advinda Auxílio Emergencial.   

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